Os principais mitos sobre terapia de casal

Traição, ciúmes, diferenças de valores morais, desqualificação do outro, competição profissional, competição com a família.

Essas são algumas das principais causas que fazem um consultório psicológico ser procurado por casais. Entretanto, alguns deles apresentam ideias deturpadas sobre como funciona a terapia de casal, trazendo o pensamento de que essa será uma solução mágica para todos os problemas. Além disso, há quem apareça com o objetivo de mudar no outro aquilo que eles não gostam, aspectos que muitas vezes são características próprias e que se repetem no companheiro.

Por esses e outros motivos há muitos mitos que precisam ser esclarecidos sobre a terapia para casal.

Veja quais são eles:

1- Precisa ser feita pela dupla

Nem sempre é necessário que a dupla participe do tratamento de maneira conjunta.

Isso porque em alguns casos basta que um mude para que a relação mude. Em outras ocasiões um deles vai até o consultório buscar ajuda e, depois, conforme o trabalho caminha, o outro também passa a fazer parte das sessões.

Como podemos ver no E-book “Os 5 Pilares do Relacionamento Conjugal”, a relação é como uma rede que tem a sua malha entremeada e, em alguns casos, a pessoa não percebe onde está a falha, que pode estar em si e não no outro.

Exemplo frequente é o de casais que surgem com queixas relacionadas aos filhos e que, ao começar o aconselhamento para a criação ou reeducação, percebem que os pilares do seu relacionamento sofreram danos ao longo do tempo. Logo, a deterioração não é apenas da relação com os filhos, mas também perante eles próprios, situação que até então passa despercebida.

2- Vai resolver os nossos problemas e viveremos juntos para a eternidade

O propósito da terapia de casais é sim o de resolver as dificuldades dos cônjuges. Entretanto, há também as relações que não deveriam ter começado.

Isso porque, em alguns casos, a melhor coisa que os jovens fazem é recorrer à atividade terapêutica antes de casar, o que faz com que evitem o casamento antes de estar preparados. Porque para ser um par é necessário antes ser singular.

Além disso, nem todo par que passa pelo trabalho terapêutico terá como sucesso a permanência no casamento. Ao contrário. Para alguns, sucesso será desmanchá-lo.

3- O casamento vai acabar

O casamento pode sim acabar conforme o trabalho se desenvolve e os envolvidos percebem que o melhor a se fazer é dar fim à relação.

Entretanto, não é porque essa possibilidade existe que ela tem o dever de acontecer.
O objetivo principal é o de solucionar as contrariedades, o que proporciona conhecimento e mudança, o que se dá sempre para a melhor, mesmo que isso signifique o término.

Nesse caso, o grande ganho é o de sair da relação diferente e perceber que pode encontrar a felicidade com outra pessoa sem repetir os velhos defeitos nas novas relações.

4- Deve centrar só em aspectos amorosos

Em certa medida essa ideia pré-concebida está certa se levarmos em conta que amar é essencial para se viver com alguém. Entretanto, também podemos afirmar que é esse viver, o conviver, que faz com que a terapia para casais seja procurada.

É comum, por exemplo, os casais se amarem e afirmarem isso a todo tempo, mas também viverem em conflito constante.

Isso ocorre porque nem sempre o amor supre todas as dificuldades, mas a busca por fazer com que ele se torne maior do que os atritos é o que faz com que haja a tentativa de viver o amor pleno: de amigo e de amante.

5- É ideal para quem tem problemas sexuais

A terapia para casal é sim recomendada para quem tem problemas sexuais, mas claro, contanto que esses estejam no âmbito psicológico, uma vez que nem sempre ele é relacionado a esses aspectos.

Um exemplo pode ilustrar a questão:
Uma moça sente desejo, tem vontade de fazer sexo, mas no momento de efetivamente praticar o ato, não consegue. Por sentir dores na penetração, prefere que o homem se satisfaça com sexo anal. Ele, por sua vez, fica ressentido por querer lhe dar prazer.
Durante o tratamento a moça revela que em um relacionamento anterior teve um filho natimorto.

Após essa informação fortuita foi solicitada uma avaliação por fisioterapeuta especializada em distúrbios músculo vaginais. Foi então que a equipe interdisciplinar soube que haviam ficado sequelas daquele parto e a questão não era psicológica e que, nesse caso, não era a terapia que resolveria a questão.