Fobia

Se o medo é a emoção resultante de exposição a perigos, asfobias são formas aprendidas para lidar com ansiedade que se generalizada pode tornar impeditivo viver. As fobias estão ligadas a um temor injustificado e não racional de objetos, seres ou situações, cuja falta de lógica é reconhecida pelo indivíduo, mas o domina repetidamente, que tem como conseqüência uma inibição na parte do cérebro que comanda a ação e, quase sempre, da percepção/cognição. Quando a pessoa se defronta com o objeto que lhe causa fobia, ela pode apresentar intensas reações de medo com alterações neuro-vegetativas associadas a um estado de tensão msucular. Assim, utiliza mecanismos que procuram evitar o objeto por meio de subterfúgios de prevenção. Estas atitudes visam diminuir a força da fobia que objeto provoca na pessoa. Quando não se pode evitar o agente causador da fobia, reage-se com fuga, o que aumenta a tensão e ainda pode aumentar a fixação fobogênica, bem como o temor de futuras situações equivalentes. Em uma situação de fobia existem reações nos três sistemas de respostas humanas:

Cognição - Profecias Auto-Realizadoras e/ou Auto-Referência

As profecias auto-realizadoras acontecem quando, a fim de evitar o que teme, a pessoa acaba por aproximar ainda mais este objeto. Por exemplo, uma pessoa que teme se expor em sala de aula, ao ficar quieto pode chamar atenção negativa do professor e fazê-lo pressionar o aluno a se expor. Assim, a reação de quem teme torna-se paradoxal. O pensamento auto-referente negativo, compromete a relação com o outro, pois em uma conversa por exemplo, ao invés de focar a atenção no que o outro está dizendo, a pessoa apenas foca no que deve responder para causar uma boa impressão, deixando na maior parte das vezes a conversa desconexa.

Fisiologia

Reações orgânicas que estão presentes em quadros de fobia: taquicardia, espasmos musculares, sudorese, tremor e rubor, distúrbios gastrointestinais, dores de cabeça e lombares, entre outros.

Comportamento motor evitativo

As respostas evolucionárias, que em situações reais de riscos são benéficas, como correr de um incêndio, o que exige um alto grau de tensão muscular, em uma pessoa com fobia reaparecem, porém fora de contexto, assim provoca a tensão muscular desnecessária tornando seus movimentos distorcidos e disfuncionais, por exemplo, para escrita ou direção. O que reflete na vida social, pois, a mesma fica impedida, o que aumenta o déficit em habilidades sociais.

Identificando um Quadro Fóbico

A DSM-IV propõe uma lista de comportamentos que facilitam a identificação em um diagnóstico de quadro fóbico. Tal lista prevê:
  • Medo persistente de estímulo limitado (exceção ao ataque de pânico) ou de situação social generalizada;
  • Exposição ao estímulo fóbico provoca intensa ansiedade;
  • O objeto fóbico é evitado;
  • Reconhecimento da irracionalidade do medo;
  • Medo e/ou a evitação interferem na rotina normal;
  • Medo não se relaciona a obsessões ou ao estresse pós-traumático.
Nem sempre é fácil indentificar a fobia, pois, muitas vezes ela passa despercebida, porque a pessoa que sente não possui repertório verbal para conseguir expressar seus sentimentos. Ou ainda, mesmo tendo o repertório para expressar, não consegue por ter aprendido na maior parte das vezes, que sentir medo exageradamente é errado e feio, o que o desqualificaria perante seu grupo de convivência. Assim, por esquiva, o indivíduo acaba evitando a situação, dando "desculpas" para não entrar em contato com aquilo que lhe causa a fobia.

DSM-IV: Tipos de Fobia

Atualmente, a DSM-IV (American Psychiatric Association, 1994) caracteriza a fobia em subtipos:

Fobias específicas FE

São medos intensos, restritos a situações estimuladoras específicas (animais, fenômenos naturais, andar de avião ou similares, dentista, hospitais). A situação desencadeadora pode ser despertada por diversas etiologias, inclusive por um ataque de pânico (medo paralisante) com ou sem agorafobias (situações específicas relacionadas ao pânico, como túneis, meios de transporte, filas, salas cheias entre outras);

Fobias sociais ou generalizadas FSG

Trata-se marcantemente de comportamentos evitativos de situações sociais, pois, implicam a aprovação do grupo. Ao evitar tais situações, a pessoa fica privada profissional, acadêmica, social e, ou, sexualmente. Esse medo é relacionado a situações de exposição pública ou de interação social.

Fobia social circunscrita FSC

Acontece quando o indivíduo apresenta temor apenas de uma situação pública de desempenho de interação social (como medo de dirigir, de escrever, de escola, de falar em público). Em Publicações: Fobia você pode encontrar alguns exemplos de fobias e suas motivações.

Diagnóstico da Fobia

O diagnóstico é apropriado quando a pessoa começa a se esquivar o tempo todo em relação ao objeto fóbico, ou quando ocorre ansiedade antecipatória ante a possibilidade de chegar perto do objeto, chegando a afetar a sua rotina diária e social. A fobia é vista como uma forma especial de medo; ela apresenta caraterísticas na seguinte ordem: desproporção entre a emoção e a situação que a provoca; medo sem explicação razoável; ausência de controle voluntário; tendência à evitação dessa situação.

Tratamento

Quando a pessoa perceber que a sua vida está ficando limitada e a dificuldade está interferindo nas outras áreas de sua vida, é hora de buscar ajuda. Algumas fobias não terão necessidade de ser tratadas (por exemplo, se a pessoa tem fobia de cobras, mas mora na cidade, poderá conviver com este fato sem maiores problemas). Para os casos em que o tratamento é necessário, é importante que o cliente esteja motivado para eliminar o comportamento fóbico, mesmo que isso signifique certo grau de custo energético no processo. O primeiro passo, sem dúvida, é uma análise funcional adequada e, depois, uma adaptação do método escolhido ao cliente em questão.

Tipos de Fobia

As fobias costumam ser nomeadas por vocábulos que caracterizam o objeto do qual o individuo tende a fugir.

Fobia Alimentar

Há dois tipos de fobia alimentar. No primeiro, a pessoa tem medo de engasgar com o alimento, o que a leva a fazer uso somente de líquidos ou alimentos sob a forma de papa, preparados no liquidificador. A perda de peso é um dos sintomas mais pronunciados e é causada pelos hábitos alimentares típicos dos portadores desse tipo de fobia. A pessoa sente que sua boca e garganta estão excessivamente secas, e que o alimento sólido pode ficar entalado. E, ao sentir-se ansiosa, a respiração fica alterada, complicando ainda mais o quadro. No segundo tipo, o que ocorre é uma espécie de aversão a algum tipo específico de alimento, acarretando náusea e, às vezes, vômito. Neste caso muitas vezes o diagnóstico pode vir rotulado como anorexia ou bulimia e, no entanto, trata-se de fobia alimentar Além disso, muitas pessoas evitam comer em locais públicos, em que há também uma situação de fobia social, pois o que mais a incomoda é parecer que tem alguém observando-a.  

Fobia de Altura - Acrofobia

É um medo comum e, até certo ponto, compreensível. Estar próximo de um precipício pode acarretar medo de escorregar e despencar. É normal, já que se trata de um perigo real, diferente do medo de ficar, por exemplo, trancado em um banheiro. O medo, no entanto, torna-se irracional quando ocorre diante do simples fato de a pessoa ir em direção a uma janela de um prédio, ou de estar em locais altos que são protegidos por grades ou vidros espessos, como os edifícios com vista panorâmica. As pessoas com fobia de altura, ou acrofobia, reagem com medo nessas situações, não conseguem olhar para baixo, sentem vertigem. As situações geradoras de medo são bastante variáveis e vão desde mezaninos de teatros, passando por escadas, escadas rolantes, ladeiras, até o topo de edifícios bem altos. É comum que os portadores de acrofobia terem a sensação de estar sendo "puxados" para baixo, ou ainda de perderem o controle e se jogarem do local em que se encontram. Isso ocorre mesmo com a presença de anteparos protetores. Caso considere que precisa de ajuda será interessante ler sobre o tratamento de fobias  

Fobia de Animais

Em relação aos animais, pode haver um grande número de fobias, que vão dos insetos a animais de porte maior. O que é mais comum de ser observado, são as fobias de:
  • Insetos (baratas, abelhas, vespas, borboletas, mariposas, traças),
  • Aranhas;
  • Cobras;
  • Pássaros;
  • Cães;
  • Gatos;
  • Sapos;
  • Ratos.
Embora animais menos típicos, como as lagartixas, também possam ser objetos de fobias. Parece compreensível ter medo de cães, mas as pessoas não entendem, por exemplo, um escândalo por medo de borboleta. Um inseto é inúmeras vezes menor do que um ser humano, portanto não apresentaria ameaça nenhuma, o mesmo acontece na fobia de barata e do rato. Porém, filogeneticamente este medo é compreensível, uma vez que, as doenças muitas vezes são transmitidas por micro e pequenos organismos próprios de lugares sujos, que são habitat de baratas e ratos, mesmo que para a maioria delas hoje em dia hajam remédios e vacinas.  

Fobia de Avião

Aumenta a cada dia o número de pessoas que precisam voar, sobretudo por motivos profissionais. Conseqüentemente, o número de pessoas que procuram tratamento para esse tipo de fobia também tem crescido. Há pessoas que recusam empregos por temerem viajar de avião. O medo não está relacionado a um único aspecto e inclui o medo de acidente, de ficar fechado, de altura, de instabilidade e de perder o controle. É bom lembrar que pessoas com fobia de avião têm necessidade de que o controle da situação esteja com elas, o que neste caso é impossível. Se acontecer alguma falha no aparelho, elas não poderão fazer nada.  

Fobia de Dentista

Sabe-se que a maioria das pessoas tem um leve receio de ir ao dentista. Uma pequena porcentagem, no entanto, tem verdadeiro pavor, apresentando, inclusive, ataques de pânico na cadeira do dentista. A conseqüência mais séria que advém para essas pessoas é a deterioração dos dentes. Às vezes, com sérias complicações, envolvendo comprometimento de canais e doenças das gengivas. Os maiores temores relacionam-se com a anestesia e a ação da broca (motor). O medo parece aumentar a sensação subjetiva de dor. Além disso, as pessoas parecem esperar sempre por um desconforto muito maior que aquele de fato produzido. Para algumas pessoas, a visão da roupa branca do dentista é terrível, e se ele usar um jaleco ou camisa de outra cor, a ansiedade decresce. A fobia de dentista está freqüentemente associada à fobia de sangue. Alguns pacientes chegam a desmaiar na cadeira. Uma boa comunicação e empatia com o dentista ajudam muito, sobretudo se o profissional entender e respeitar o medo. É importante que o dentista explique de forma detalhada os procedimentos que serão realizados e o grau de desconforto e dor que de fato o correrão. Combinações de sinais previamente estabelecidos, como:
  • Erguer a mão ao primeiro sinal de dor, podem minimizar o problema.
  • Familiarização com o consultório pode ajudar na habituação.
  • Observação de outras pessoas que não possuem a fobia, recebendo anestesia e sendo submetidas à ação do motor, funciona como um modelo positivo, na linha do "não deve ser tão terrível assim", pois, relaxam e consequentemente diminuem a intensidade da dor, e do medo.
Isso tem se mostrado útil em crianças, que, antes de serem submetidas a um tratamento dentário, brincam no consultório do dentista, para facilitarem o contato e o trabalho, dando um colorido lúdico ao tratamento.  

Fobia de Dirigir

Normalmente pessoas competentes são as mais atingidas, pois são pessoas extremamente responsáveis. Quando assumem um compromisso, dão conta dele e por isso, são consideradas pelos demais como confiáveis, organizadas, detalhistas, sensíveis e inteligentes. Preocupam-se com os outros, com os problemas dos outros e procuram não machucá-los, porém não gostam de críticas. A crítica alheia pode magoá-las, irritá-las, pois, não admitem errar. Oito de cada 10 pessoas que procuram ajuda terapêutica para tratamento da fobia de dirigir já têm carteira de habilitação, mas deixam o carro na garagem. O público feminino é o mais atingido. Homens ou mulheres que têm fobia de dirigir, normalmente, manifestam comportamentos como:
  • Dormir mal à noite;
  • Tremores nas pernas;
  • Transpiração excessiva;
  • Taquicardia;
  • Pensamento que a situação o domina;
  • Sentir-se intruso, como setivesse que sair logo daquele lugar.
O perfil psicológico do fóbico de dirigir, foi construído por meio de pesquisa realizada com clientes do CPEM -Centro de Psicologia Especializado em Medos* O resultado se deu por comparação entre a fobia de dirigir e de outros tipos de fobias é o excesso e/ou acentuação destes comportamentos: competentes; responsabilidade; detalhistas; necessidade de controlar; importância ao olhar do outro; dificuldade de receber críticas; organizados; críticos; sensíveis aos sentimentos; inteligentes; elevada consciência social. Mais informações podem ser encontradas no livro Vença o Medo de Dirigir, de Neuza Corassa, ou na coleção Sobre Comportamento e Cognição - nas referências desse site. * Em 1997 Marilza Mestre e Neuza Corassa fundaram o CPEM, foram sócias até 2003, quando Marilza deixou a sociedade e Neuza Corassa continuou com o CPEM.

Fobia de Doenças

O que caracteriza essa modalidade de fobia é o medo exagerado de estar com alguma doença - como câncer, AIDS, alguma doença cardíaca - e de, conseqüentemente, morrer dessa doença. As pessoas portadoras desse tipo de fobia evitam ler ou assistir a programas na TV que tratem do assunto. Evitam entrar em hospitais e até mesmo conversas cujo tema gire em torno de doenças ou de pessoas que estejam doentes. Constantemente se examinam, observando o aspecto da sua língua, coloração dos olhos ou apalpam seu corpo à procura de algo errado. Marcam consultas freqüentes com médicos, geralmente clínicos gerais, para reassegurarem-se de que não há nada grave. É diferente de hipocondria, pois, nesta, o medo é difuso e envolve diversas doenças.

Fobia da Escola

A fobia escolar é uma síndrome conhecida e que costuma aparecer, principalmente, em meninos na faixa etária entre seis e dez anos. Caracteriza-se como evitação de ir à escola, o que não se trata de má vontade ou "malandragem", pois a criança sofre muito nas duas situações, ir para a escola e ao mesmo tempo não frequentá-la. As crianças também são vítimas do estresse da vida moderna, e nelas esse estresse aparece em forma de fobia escolar, de ladrões, de violência, de que os pais se separem e, não raro, do sobrenatural. Há adultos que também padecem desse sofrimento. E, normalmente, aparece coexistindo com a fobia social.  

Fobia de Escuro

O medo da escuridão pode ser normal em certas circunstâncias, sobretudo se você estiver em um local desconhecido. Entretanto, ter medo de ficar no escuro dentro de sua própria casa, via de regra, é um medo irracional, configurando-se, assim, uma fobia. Geralmente, o medo é de abrir os olhos no escuro e ver "algo" ligado ao sobrenatural. Às vezes, o escuro está ligado à morte e, portanto, ao desconhecido ou ao conhecido imaginado.

Fobia de Injeção

Esse medo tem origem biológica, nascida da seleção natural, que fez com que todos os seres humanos inatamente sentissem aversão a qualquer perfuração da pele. Se perfurada e não tratada, as chances de infecção e, portanto, a entrada de microrganismos seriam altíssimas, e isso poderia levar à morte e, ou, a lesão de funções vitais ao homem. Culturalmente, perfurações da pele estão associadas a situações de doença e dor (às vezes, à morte). Embora sejam exatamente as perfurações por injeção que permitem a cura, o que fica gravado é o condicionamento às situações aversivas, e então injeções tornam-se também aversivas. Somado a este fator cultural também é necessária uma dose de submissão, de confiança na pessoa que aplica a medicação. E o ser humano aprendeu a desconfiar "do outro" que lhe é desconhecido, além de que entregar-se a um tratamento parece-lhe sinônimo de ser "fraco", e ele reluta com isso.

Fobia de Lugares Abertos - Agorafobia

É o medo de espaços abertos, mas também de lugares onde haja dificuldades de escape fácil e imediato para um local seguro. É como se o homem de hoje lembrasse do homem primitivo, que, com pouco instrumental, só podia contar com seu próprio corpo para sobreviver na selva. Quando se vê diante de um espaço aberto, o homem, movido pelas "lembranças" de perigo que a espécie humana enfrentou, não avalia o perigo real à sua frente, mas o perigo imaginário, motivado por aquelas "lembranças". Além disso, estar num local aberto é sinônimo de estar exposto à observação alheia, daquele que pode nos observar sem ser visto, e isso amedronta.

Fobia de Lugares Fechados - Claustrofobia

O principal temor, aqui, é de ficar preso e não conseguir sair do local. Entre os locais mais comuns desse tipo de fobia estão os elevadores e túneis. A pessoa geralmente teme que uma falha mecânica a deixe presa por horas dentro de um cubículo, o que acarreta verdadeiro pavor. Um dos pensamentos mais comuns é o de ficar preso no elevador e o ar esgotar, apesar de todo elevador dispor de um sistema de ventilação especialmente elaborado para esse tipo de ocorrência. Entretanto, outros objetos e locais podem delinear o quadro da claustrofobia, como cabines telefônicas, escadarias de prédios (medo de ficar preso entre portas corta-fogo), banheiro, bancos com portas que travam e transportes coletivos. Para essas pessoas fica impensável fazer, por exemplo, um exame de ressonância magnética, em que teria que ficar uma ou duas horas "presa no tubo" de exame. Essa fobia, às vezes, coexiste com a agorafobia.

Fobia de Tempestade

Quando chega o verão aumenta a ansiedade das pessoas que têm verdadeiro pavor de tempestades, pois a probabilidade de chuva, trovões e raios aumenta também. O problema leva a uma série de limitações na vida pessoal e profissional em razão da esquiva, que é proeminente, algumas pessoas não saem de casa sem antes consultar a previsão do tempo. Há pessoas que, durante uma tempestade, fecham-se em armários e só se atrevem a sair depois que cessa o fenômeno. Outras permanecem junto com seus cães de estimação que, como é sabido, também são excessivamente sensíveis aos ruídos de trovões e fogos de artifício. Outras se cobrem para se sentirem mais protegidas. Tal fobia, ao contrário do que se possa pensar, é bastante freqüente. Não se trata do medo natural que todos temos das intempéries e desgovernos da natureza, que, mesmo existindo, não impedem a vida social. Nestes casos, a pessoa vai se refugiando em sua residência até o ponto máximo, em que chega a ficar "presa" à própria cama. Muitas vezes são as pessoas erroneamente diagnosticadas como depressivas (claro que também haverá frustração e, portanto, depressão nestes casos). No entanto, trata-se de esquiva operante. As pessoas deste quadro tendem a buscar, solicitar e requisitar que alguns de seus familiares assumam função de cuidadores de si, ao menor sinal de chuva. O paradoxo é que no início do problema, ao invés de ficarem protegidas dentro de casa, elas saem para a rua, via de regra em busca de suas figuras de apoio. Com o passar do tempo, são essas figuras que começam a vir aos seus encontros. A modelagem está feita. Instalou-se a dependência e, por meio dela, o controle que a pessoa inconscientemente pensa ter sobre o pseudoperigo, a chuva e suas manifestações, como as nuvens negras que trazem o raio e o trovão.  

Fobia Social

A origem biológica e cultural dessa fobia tem base a partir do momento em que o homem tornou-se social. Quando o ser humano deixou de ser solitário e começou a viver em grupos, passou a depender da opinião dos outros indivíduos. Então ficou sujeito à aprovação ou desaprovação, que lhe permitia ou não agregar-se ao grupo e por ele ser defendido, alimentado, amado. A crença de que nossa sobrevivência depende do outro ficou marcada no inconsciente coletivo e continuamos a responder a essa crença com atitudes de submissão e tentativa de controle para sermos aceitos pelo grupo. Esse medo tem como característica evitar se expor a críticas alheias aquilo que a pessoa estiver fazendo, como: dirigir, falar, cantar. A sensação relatada pelas pessoas com este medo é de que se sentiriam inadequadas, que não conseguiriam atingir uma alta performance estabelecida por elas próprias. É como se todos as avaliassem o tempo todo, quando, na verdade, são eles próprios seus mais exigentes juizes. Com medo do julgamento, passam a evitar a situação em que poderiam sofrer a tal crítica, embora, na prática, seja pouco provável que isto fosse, de fato, ocorrer.

Fobia Social Generalizada

Falcone (1995) propõe algumas características específicas da fobia social generalizada: Mais freqüente em homens; Aparece mais frequentemente na adolescência; Situações em que o controle não está no alcance da pessoa; Contextos de pressão pela boa performance; Locais onde possa receber críticas negativas. Além destes citados por Falcone, a experiência clínica mostra que outros fatores são comuns aos fóbicos sociais, tais como: Baixa autoestima; Baixa autoconfiança em suas habilidades assertivas; Há similaridade nos relatos dos clientes em que citam episódios de perdas sociais onde deixaram de exercer seus direitos e sofreram prejuízos profissionais e pessoais. Por isso, grande parte têm alto padrão de comportamentos evitativos de situações onde se vejam em confronto com aquilo que julgam como seus "defeitos" ou como dizem: suas incapacidades. Estes comportamentos passam por respostas autonômicas como ficar vermelho (rubor), tremores nas pernas, enxaquecas ou dores musculares causadas por tensão e até situações mais graves como perdas sociais, tais como: Perder empregos; Reprovações escolares; Perdas de relacionamentos afetivos (amizades e conjugais); Isso por não conseguirem se expor ou defender seus pontos de vista ou sua competência, o que também pode afetar emocionamente as pessoas com quem se relaciona. Por isso, é comum que fóbicos sociais prefiram a solidão a se expor ao julgamento alheio. Como este tipo de fobia atinge várias pessoas em nossa sociedade atual, é possível ainda subdividí-las de acordo com o aparecimento delas, tais como:

Síndrome do escrivão

A pessoa não consegue escrever diante de outras pessoas, e mais difícil ainda, quando devem expor oralmente suas opiniões e conhecimentos. Muitas vezes desistem, ou acabam não tendo a mesma performance se estivessem apresentando para uma única pessoa de confiança. São freqüentes os casos de alunos que procuram a clínica por essa queixa. Caso considere que precisa de ajuda será interessante ler sobre o tratamento de fobias  

Sugestões de Leitura

Barros Neto, T. P. (1999) Sem medo de ter medo. São Paulo: Casa do Psicólogo Bernick, M. A (1989). Ansiedade. Revista Brasileira de Medicina. v. 46, no 4, p. 99. Corassa, N. (1996). Síndrome do carro na garagem. Suplemento Viver Bem da Gazeta do Povo. Ano XIII, n. 661, p. 24. ___________ (1996) Medo pede carona. Revista Veja. Ano 29, n. 44, p. 100. ___________ e Mestre, M.B.A. (1998) Síndrome do Carro na Garagem, Fobia de Dirigir. Pôster apresentado no VII Encontro da Associação Brasileira de Psicoterapia e Medicina Comportamental. Campinas, São Paulo. ____________ (2000). Vença o medo de dirigir - como superar-se e conduzir o volante da própria vida. São Paulo: Gente. DSM-IV (1994). Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais. Falcone, E. (1995). Cap. 14. A relação entre o estresse e as crenças na formação dos transtornos de ansiedade. Em Zamignani, Vol. 3: Sobre Comportamento e Cognição. Santo André: ARBytes. Wolpe, J. (1978). Prática de terapia comportamental. São Paulo: Brasiliense.