Luto

Quando perdemos algo (ou alguém), o que sentimos chama-se “tristeza” – sentimento ligado à frustração, ao luto, e estar de luto não significa estar depressivo.

Embora nossa sociedade esteja cada dia mais frágil, e com isso evitando situações que causem dores, quando isso ocorre invariavelmente nos tornamos mais forte pela aprendizagem que as perdas proporcionam.

Dentro do processo de luto são esperadas algumas reações (Blanchet, Linhares e Mestre, 2009) como:

NEGAÇÃO

É a primeira das reações: choque diante da percepção de que aquilo que prezávamos não temos mais. Ou que aquilo que antes nem percebíamos como nosso agora não temos mais, e nos faz falta.

Este sentimento pode ser tão intenso que nosso cérebro libera grandes doses de um hormônio, chamado endorfina, que funciona como um anestésico cognitivo e/ou físico.

Quando de ordem cognitiva a pessoa tende a ter o pensamento: “NÃO! Isto não está acontecendo comigo”.

Então vejamos, isto não é psicológico no sentido de que nós criamos isto como defesa, de forma intencional. É neurológico, é resposta reflexa diante de um grande perigo, ou algo interpretdo como perigo. Não depende da vontade daquele que sofre.

Algumas vezes até é desejável que ocorra. Diante da morte de um filho, por exemplo, é uma benção ter tal anestésico agindo enquanto o tempo age e distancia do momento da dor.

Porém, se esta fase perdura, acabaremos por sofreer outras perdas por consequência desta alienação de realidade. Aí, isto será nocivo.

A resolução desta fase de luto pode se dar em minutos ou anos. Mas sabemos que passou quando começamos a fase de:

ACEITAÇÃO

Aceitar a dor não se trata de se acomodar que precisamos sofrer. Ao contrário, é preciso reconhecer que um inimigo está presente para combatê-lo.

Quando apessoa admite que houve uma perda poderá ter várias reações diversas, simultâneas ou sequenciais, isto varia em acordo com a forma como fomos educados (ou deseducados) a solucionar nossos problemas.

Podemos reagir a esta aceitação de várias formas intermediárias:

– ANSIEDADE, isto acontece diante daquilo que eu ainda não sei o que perdi, como nem quando irá me atacar de novo (leia o tópico sobre ansiedade, ali você irá compreender melhor).

– MEDO, isto quando já sabemos ou pensamos que sabemos o que nos afetou e tememos – especificamente – o perigo focal (leia o tópico sobre medo).

– RAIVA, isto ocorre quando pensamos, ou sabemos, que nada mais podemos fazer diante da perda. Qunado nos surpreendemos com a força da perda e uma última tentativa é acionada para ‘solucionar’ esta falta.

É aí que, via de regra, a pessoa pode perder ainda mais, porém, em algumas raras vezes há benefício redundante desta reação.

Como por exemplo, ao receber uma confirmação de doença, podemos sentir raiva por estar acometido por ela, e produzir a energia necessária para iniciar o tratamento.

– DEPENDÊNCIA EMOCIONAL de figuras de segurança, ou de pseudo segurança, é comum ser percebida na aceitação.

Qunado alguém nos acompanha num momento de dor, pode ser que ambos fiquem presos, um por julgar que depende até fisicamente do outro, e o cuidador por julgar que o outro não irá sobrevvier sem sua ajuda.

– Tristeza profunda diante da situação de dor da perdas. Esta tristeza NÃO deve ser tratada com medicação! Ela precisa ser vivida. O tratamento que a pessoa precisa, nestes casos, é do ‘colo’ de pessoas amigas, do amparo emocional de sua familia funcional.

A última fase do Luto, é a verdadeira ACEITAÇÃO: quando já tendo vivido as fases intermediárias a pessoa começa a se reerguer. A viver sua vida, de modo saudável.

Quando o processo de luto perdura mais do que o considerado aceitável ou começa a prejudicar o repertório de comportamento da pessoa é que necessário procurar acompanhamento psicológico e em alguns casos médico, pois configura-se aí o ínicio da depressão.